Altar do Bom Jesus dos Mareantes (séc. XVIII)


Altar em talha dourada do século XVIII (1701), entalhado por Manuel Almeida de Barcelos e dourado por Manuel Fernandes de Oliveira.
Inserido na Capela do Bom Jesus dos Mareantes, capela particular da confraria com o mesmo nome, apresenta actualmente apenas 4 esculturas de vulto, a saber: Ecce Homo (localmente conhecido como Senhor dos Mareantes) ou Senhor da Cana Verde, São Sebastião, São Pedro e Santo António.


Altar da Árvore de Jessé (séc. XVIII)

Altar em talha dourada do século XVIII (1705), da autoria de Manuel de Azevedo.
Na base, figura de vulto de Jessé (pai do Rei David) jacente, do qual saem doze ramos, que terminam em esculturas dos 12 reis de Judá. No topo, Nossa Senhora com o menino ao colo, beijando-a, pormenor que torna esta escultura particularmente original.

Altar do Santíssimo Sacramento (séc. XVII)

Escultura em talha dourada do século XVII da autoria de Pedro Fróis, para substituir um anterior dedicado a Nossa Senhora do Rosário.
Esculturas dos 12 apóstolos com Jesus Cristo ao centro do andar superior.
A capela onde se encontra este altar pertencia à brasonada família Pita - encontrando-se ainda hoje três túmulos com os respectivos escudos de armas - e nela funcionava a confraria do Santissimo sacramento.
A data que aparece no friso superior deste altar refere-se à mudança do retábulo anterior, dedicado à Senhora do Rosário.
Deste altar faz parte, também o sacrário giratório, ou de rodízio, que pela sua singularidade é abordado em secção própria.


Azulejaria (séc. XVII)

Conjunto de azulejos de diversos padrões e datações. A primeira referência à azulejaria data de 1650, e localizar-se-ia junto à porta lateral Sul, tendo sido oferecidos por Sebastião Pita Soares.
Porém, a datação mais segura é a que ostentam os azulejos junto à rosácea - 1670 -, que é a parede mais ricamente decorada com este elemento, apresentando 4 padrões diferentes de azulejos, sendo que o datado de 1670 é o que reveste a maioria das paredes que ladeiam as frestas do clerestório, embora existam outros azulejos - possivelmente colocados para substituir alguns que se danificaram ou que cairam.



Altar Mor (séc. XX)

Este altar é uma interpretação dos Monumentos Nacionais daquilo que seria um ascético e sóbrio altar tardo-medievo.
Neste altar até 1932 encontrava-se um altar de talha dourada, ricamente trabalhado, de cariz barroco, que viera substituir um anterior renascentista com representações do Cálvário de Cristo.
Em torno do crucifixo encontram-se as imagens da Senhora da Soledade e de São João em suas respectivas peanhas, encontrando-se hoje no alinhamento do crucifixo, por baixo deste, uma imagem seiscentista de Nossa Senhora da Assunção, a quem esta igreja está consagrada.


Guarda Vento (séc. XVIII)

Datado de 1800, este guarda vento apresenta no seu tecto as armas nacionais pintada em gosto tardo-barroco, e nas paredes lateriais o cordeiro de Deus e as armas da Santa Sé. Era até à década de 30 do século XX encimado por um coro alto, equipado com um orgão, que foi retirado pelos Monumentos nacionais por se considerar um elemento estranho à "pureza" do monumento.


Imagem de Nossa Senhora das Dores (séc. XIX)

Escultura de roca representando Nossa Senhora das Dores, com Cristo jacente - ou Senhor exposto - em mesa de altar, possivelmente do século XIX.
Esta peça encontrava-se até 2008 na capela da Senhora das dores, tendo sido retirada devido à descoberta de um fresco datado da segunda metade do século XVI.


Pias de Água Benta e Baptismal

Sem datação segura, crê-se que serão tardo-medievais, dado que apresentas decorações muito semelhantes às que ornamentam a face interior da rosácea.
A pia baptismal possui uma tampa em madeira, colocada já no século XX, à qual se acrescentou uma - entretanto desaparecida - tranca metálica, de modo a evitar que os fieis levassem água benta para casa, medida tomada como forma de limitar as crendices e superstições.


Pintura a fresco de Nossa Senhora do Rosário (séc. XVI)

Descoberta aquando do último restauro da igreja (20012008), esta pintura a fresco datada de meados do século XVI, representa(rá) Nossa Senhora do Rosário, cujo culto estava muito em voga nessa época. Encontrava-se por detrás de um altar dedicado a nossa Senhora das Dores, datado do século XVII, encontrando-se esquecida desde - pelo menos - a segunda metade desse século.
Embora muito deteriorada, esta imagem possui, uma qualidade plástica de excepção, visível pela precisão do traço, pela alargada banda cromática que apresenta, pelo realismo das dobras do manto, pormenores do cabelo e mãos.



Portal Poente (séc. XVI)

Cortando com os paradigmas tardo-góticos, este portal de inspiração plataresca, apresenta-se como um dos mais antigos exemplos de arquitectura reanscentista em Portugal, visível na simetria do seu enquadramento, a abertura do vão do arco de volta perfeita e pela pela arquitrave decorada com altos relevos de gosto humanista e naturalista.
É atribuido a Siloro um artista de nacionalidade desconhecida, crendo-se italiano.

Portal Sul (séc. XVI)

Seguindo uma prática comum em toda Europa, este portal foi transformado num retábulo, esta verdadeira fachada-retábulo, terá sido realizada no período de 1488 a 1515, sendo atribuída aos arquitectos Tomé Tolosa, Francisco Fial e Pero Galego.
Caracteriza-se por uma composição em relevo com arquitrave sobrelevada por um frontão triangular, onde está inserido um conjunto de nichos com imagens de S. Pedro, S. Paulo, S. Lucas e S. Marcos. Aparecem também duas figuras identificadas como o rei D. Manuel e uma das suas esposas, no entanto segundo o povo estas duas imagens representam Adão e Eva. Podem-se ainda visualizar outras duas figuras simbolizando a esperança e caridade e no frontão está representada Nossa Senhora da Assunção ou dos Anjos.
Apesar de não ser a porta principal do templo é nítida a diferença entre o portal principal Oeste e o lateral Sul, o primeiro apresentando-se relativamente simples e sem profundidade e o segundo trabalhado quase como se fosse o principal. Esta realidade deve-se possivelmente ao facto do frontispício se situar muito próximo da muralha existente na época, resultando no seu acesso por uma viela muito estreita. Ao invés o portal sul estava voltado para a vila, sendo servido por uma via dupla. Na origem desta configuração estava a lei ou uso de que a porta principal da igreja abrisse para ocidente. Outra questão importante para toda a sua exuberância decorativa será a constatação de que o portal sul se encontra alinhado axialmente com a Capela dos Mareantes.
Durante a Guerra da Restauração, a Igreja foi alvo de bombardeamento Espanhol o que contribuiu para que algumas das esculturas que faziam parte do portal Sul tombassem por terra. Durante a intervenção dos Monumentos Nacionais nos anos 30 do século XX foi reconstruída a escada em cantaria junto ao portal Sul.


Púlpitos (séc. XVII)

Dispostos junto à capela-mor, encontram-se dois púlpitos de granito esculpidos. Estes púlpitos assentes em colunas com capitéis e bases com decoração gótica, apresentam um excelente trabalho escultórico datado de 1653. Um deles apresenta-se incompleto, só tendo uma das faces ornamentada, ostentando a data de 1698.
As escadas que lhes davam acesso, em ferro, foram retiradas durante as obras de restauro iniciadas em 1932.



Rosácea (séc. XVI)

Esta rosácea com ornamentação de inspiração mourisca, é um dos elementos mais notórios de gótico tardio numa fachada principal que se apresenta como uma das mais simbólicas obras deste período em Portugal.

Sacrário Rotativo (séc. XVII)

Sacrário construído em 1674 pelo escultor Francisco Fernandes e custeado pelo Sargento-mor da guarnição da Vila de Caminha, Domingos Barbosa de Faria. A parte superior apresenta três nichos onde se podem visualizar figuras femininas em representação alegórica do Salmista, o Sacerdote e a Sabedoria. No corpo central do sacrário existem três figuras em nichos, representando os Evangelistas Mateus, Lucas e Marcos. O corpo inferior, deveras original, é giratório de forma heptagonal e com seis pequenas esculturas e um relevo. As figuras representam os passos da paixão de Cristo: Oração de Cristo no Horto – Cristo preso à coluna – Ecce Homo – Cristo Varão das Dores – Cristo a caminho do Calvário – A Crucificação.

Sacristia e Sala do Consistório (séc.XVIII)

A Sacristia Espírito Santo tem dois pisos e foi construída posteriormente à igreja, em 1732. No R/C destaca-se o tecto em madeira de castanho trabalhada do séc. XVIII. Podemos encontrar no seu interior dois arcazes, um do séc. XVIII e outro do séc. XIX, ambos recuperados na última intervenção de restauro. Possui também uma mesa trabalhada em pedra do séc. XVII, uma fonte em pedra do séc. XVIII, um Crucifixo em madeira do séc. XVII estilo maneirista e uma porta de ferro fundido do séc. XVIII/XIX com 3 chaves. O primeiro piso, Sala da Confraria das Almas ou Consistório, apresenta um arcaz do séc. XVIII com um nicho em talha dourada onde existe uma imagem de S. Jorge na sua vitória sobre a serpente. Podemos ver também uma mesa de reunião utilizada pela Confraria da Almas do séc. XIX, um Altar de pedra do séc. XVIII representando o calvário com as imagens em pedra de S. João e Nossa Senhora, a de Cristo em madeira e as armas da Santa Sé sustentadas por dois anjos, um armário do séc. XIX para guardar alguns materiais, como livros e alfaias litúrgicas, contendo também com um cofre com 5 chaves e ainda um cofre em ferro policromado do séc. XIX onde a abertura feita através de chave e código de letras. Podemos ainda visualizar um quadro com uma transcrição de um Breve (carta papal) de 1750, onde se atribui uma especial graça a todos os altares da igreja e aos sacerdotes que neles celebrem missa pela alma de qualquer confrade da Confraria das Almas e um Vitral pertencente à Capela do Bom Jesus dos Mareantes. Neste andar existe também uma sala de depósito de imagens e materiais pertencentes à igreja, onde podemos ver um outro vitral e uma Cornija de cachorros do tipo zoomórfica. Estes vestígios são testemunhos de que estas eram paredes exteriores da igreja antes da construção da sacristia.
Este espaço da sacristia além de estar aberto ao público através de visitas guiadas oferece também aos visitantes um serviço de exposições temporárias com algumas Imagens e esculturas do espólio deste monumento.
A Sacristia foi alvo de intervenções de fundo durante os restauros dos anos 30 do séc. XX, mais focado nos aspectos arquitectónicos e no último entre 2001 e 2008, mais centrado na conservação e recuperação dos materiais.